Conto: Escola de Gladiadoras!:)....enviado

 SCOLA GLADIATORUM :

Passou por aqueles portões com passos de rainha
. Era bonita com seus cabelos louros , a tiara de ouro, um rosto perfeito,
muito embora as maçãs do rosto algo salientes . Pequena toga cobria a
parte superior de seu corpo, deixando praticamente á mostra suas coxas
roliças e fortes .

Ninguém fez menção de detê-la. Havia nela
aquele ar de rainha – muito embora não fosse - Passou ao lado de dois
homens núbios de peitos nus. Sequer eles ousaram para-la. Era
praticamente desconhecida naquele lugar de Roma – a Suburra. Mas sua
fama a precedia – era amante principal de um rico mercador de tecidos,
trigo e gente. Sua vida inteira tinha sido vivida praticamente em palácios
.

Se soubessem um pouco mais de sua biografia
com certeza não acreditariam : nascera em terras do norte . Sua
ascendência poderia ser considerada nobre , seu pai fora um chefe
germano derrotado pelos romanos. Como aconteceria com sua
semelhante alguns séculos mais tarde - trabalhara em circos até ser
descoberta por este rico mercador , que a comprou e anos mais tarde a
alforriou , transformando-a em sua filha por testamento ; resultando ,
desta forma sua riqueza e poder. Seu nome de nascimento a História
esqueceu , mas acabou sendo conhecida pelo nome romano de Drausia.
Passou po um estreito corredor . Não muito
distante ouvia-se gritos, ordens e sons de madeira ou metal batendo .
Sem se importar , foi logo ordenando que

chamassem o lanista ( acostumara em mandar e não pedir )

- Chame o lanista . Vamos , vão lá chama-lo. Não

tenho tempo a perder .

Aquela ordem , partindo de quem partiu causou
um alvoroço. Um rapazote saiu correndo e voltou com um senhor de seus
45- 50 anos musculoso .

- Senhora- começou o homem- Serverius saiu

para o mercado de escravos. Mas talvez eu possa ajudar .

- Talvez , talvez , moço bonito , estou aqui para
algo que voce pode até estranhar. Primeiramente gostaria de ver suas
gladiadoras .

- Alguma em especial .
- Não , por enquanto , quero vê-las . Depois

explico .

O moço pede licença , ordena que o rapaz volte a

procurar Serverius ; e batendo em um escudo , ordena :

- Apresentem-se na arena as gladiadoras . Só as

gladiadoras . Os homens se retirem.

Apareceram oito mulheres , vindas de varias
partes do Império ; a germana Stris ; a ibérica Cássia , a italiana Mira , a
grega Aspásia , a bretã Caris , a Núbia Semira e a trácia Conques . Todas
grandes, fortes , um tanto musculosas , com corpos maravilhosos , assim
como os rostos .

Drausia examinou uma a uma , olhou os dentes ,
sentiu os músculos, os peitos ,as coxas , e se acaso alguma delas teria algo
a mais entre elas . Prestou atenção redobrada nos rostos, e depois ,
virando-se para o homem que a atendera comentou :

- Estou satisfeita . Seu amo tem excelentes

gladiadoras .

- Pois não , nobre dama.- veio falando um senhor
baixo, coxo e quase careca .- Podemos servi-la para festas , banquetes,
cerimonias aos deuses e até aniversários .

- Bem. Meu bom homem. Quero contratar
quatro delas , faça seu preço , mas antes gostaria de testar a força
daquela Núbia .

- Nobre dama . Semira é a nossa campeã. Está a
ponto de receber o báculo de liberta. Pode escolher qualquer outra . Até
porque ela esta prometida para um soldado da Guarda Pretoriana do
Imperador .

- Que seja. Garanto um presente e uma festa de
bodas como ninguém viu em Roma , e posso alforria-la antes de receber o
báculo. Mas quero lutar com ela . Com as mãos limpas .Aqui está o
pagamento para a exibição .

Serverius pesou o pequeno saco com várias

moedas de ouro.

- Magníssima dama . Esteja á disposição deste
pobre lanista- que não atingiu a glória do grande Batiatus , mas que se
esforça para logo atingi-lo. Semira, voce irá enfrentar esta senhora agora ,
em um combate a mãos limpas . Garanto que não haverá mortes .

As duas lutadoras tiraram suas roupas . Os
gladiadores tomaram seus lugares em uma pequena plateia ao longo da
arena , assim como os escravos – serviçais .

O cenário estava montado. Dispensaram o mel
ou qualquer óleo aromatizado , mas já estavam se examinando. Aquela
ideia de procurar uma escola de gladiadores para enfrentar uma das
lutadoras pareceu um tanto temerário ( muito embora Drausia já
exercitara com outras escravas , tanto em seu palácio de Roma, quanto
em Capri e na fazenda em Corinto. ) A Núbia , por outro lado estava
exultante .Pensava “não faz mal que não possa matá-la .Mas com
certeza , esta patrícia bem que está precisando de uma lição . “

As duas agora estavam no meio da arena . A luta
estava para começar . Ambas se olhavam examinando algum ponto fraco
da rival, ou simplesmente vendo os corpos .

Semira media sua adversária. Sem duvida ali
estava um combate de gigantes. Drausia ficou maravilhada com toda
aquela linda estrutura de carne e músculos , seus olhos e seus músculos .
Por conta disso não tomou o devido cuidado com a rasteira que a
derrubou. Semira pulou sobre a rival , prendendo os seus braços nos

braços dela e começou a pressionar sobre o tronco de Drausia , que
tentava escapar sem muito sucesso . Aquele roçar de peitos , barrigas e
coxas provocava certa languidez nas duas combatentes . Mas , Semira,
mais acostumadas a estes combates, mais que depressa solta de sua
adversária , levanta e pisa várias vezes na barriga de Drausia, que a cada
pisada dobrava um pouco seu corpo. A plateia urrava em várias línguas, os
escravos torciam para a sua companheira de infortúnio. Semira levanta a
rival pelos cabelos e com os rostos quase colados sussurram sinto que
não possa te matar aqui na arena , mas sua escolha foi para a melhor
.DE REPENTE Drausia consegue aplicar uma joelhada entre as coxas de sua
oponente .Semira sente e se dobra enquanto Drausia volta a aplicar
outra joelhada agora no rosto da Núbia . Drausia aproveita para pisar
várias vezes na barriga e nos peitos da gladiadora , que parece
praticamente dominada . ( na plateia se diminui o entusiasmo ,o lanista
vira a cara desacorçoado ) Mas Semira não se dá por derrotada. Agarra em
um dos pés da patrícia, e como a jogasse de lado a derruba . Semira
volta a subir em cima de Drausia . Estamos quase no meio do dia , as
duas mostram sinais de cansaço e suam muito. A pele luzidia de Semira
mais excita a rival .Agora estão agarradas e apertando-se - poderíamos
dizer que pareciam estarem transando - lentamente tentam se levantar,
estão exaustas . O lanista observa ali , uma possibilidade de declarar o
combate como um empate .

- Acabou – ele grita
- Não acabou não , - respondem as duas .
Se separam olhando-se com um misto de raiva e

admiração .

As demais gladiadoras desceram da plateia com
recipientes de água e toalhas. Jogaram sobre as duas e começaram a
passar as toalhas para seca-las . Drausia parecia inclusive ouvir aquilo que
a germana e a ibérica cochichavam . Para o lado de Drausia, quer por
algum tipo de reverencia , , somente passaram a toalha no corpo
maravilhoso e musculoso dela , que pensava “ elas estão me ajudando,
mas se pudessem me matariam “ . Ao que uma das suas auxiliares
comentou sussurrando “não gostamos muito de voce , mas é bom que
saiba que a Núbia agora virá com tudo .Tome cuidado com as coxas e o
abraço dela . “

Os gladiadores permaneciam na paliçada , suados
e excitados. Comentavam qual delas iria ser derrotada . Os demais
serviçais tentavam manter seus serviços , mas também estavam curiosos
com o desfecho deste particular combate . Já se podia notar a formação
de duas torcidas , quase dividindo ao meio aquelas pessoas . O homem do
começo da estória ( que mais tarde saberemos chamar Tácio ) e o lanista
observavam. O primeiro não parava de olhar para Drausia, o segundo até
poderia estar olhando para a Nubia, mas ao mesmo tempo pensava em
suas possíveis perdas .

Então , as duas se levantaram e se entreolharam.

O combate estava ´para reiniciar .

Semira sabia que á partir de agora aquilo se
transformara em uma questão de respeito. Vencedora de vários combates
a mãos limpas ou com espadas e tridente , era uma questão de honra
derrotar aquela patrícia , mesmo que perdesse o básculo da alforria .
Olhar para aquela patrícia a fazia lembrar que possivelmente teria
abrilhantado alguns dos banquetes , que com certeza ela era a anfitriã .
Aqueles convivas gostavam do vigor e do físico das gladiadoras ( falavam
até que algumas damas de Roma se tornavam lutadoras , e algumas
gladiadoras haviam se transformado em amantes daqueles ricos
senhores . Sua raiva era patente : aquela patricinha não iria morrer ,
como haviam acertado, mas bem que merecia ter alguns hematomas , ou
quem sabe alguns ossos quebrados.

Já , Drausia, estava cada vez maios excitada.
Nunca perdera os combates no Coliseu ou em outras arenas pela Itália .
Certa vez , até o Divino Cesar assistira a uma daquelas festividades com
vários gladiadores e gladiadoras, fazendo questão que ela se mantivesse
ao seu lado . Havia sido um massacre, mesmo que as adversárias
tivessem sido as mais fortes mulheres que ela já vira . Fora a partir
daquela experiencia que decidiu experimentar , e já contava com um
número respeitável de vitórias .

Chegara a hora. Sentia a adversária fechar os
punhos, movimentar seus músculos e olha-la como um leão olharia para

a sua presa . Semira já tinha como certa a vitória. Teria de derrotar a
nobre senhora, mas de uma forma que ela não mais pensasse em voltar
a lutar . Drausia estavam cientes do que poderia acontecer ali. Somente
uma das duas sairia vencedora , e com certeza não poderia ser Drausia
Cornelius Sila – descendente de uma família que convivera nos tempos
do grande Caio Júlio Cesar .

E o combate recomeçou , como se esquecesse
da força da adversária, ou para começar se impondo , ,as duas começaram
um teste de força, cabendo á Simária partir logo, enquanto se esforçavam
tentando derrubar a outra no chão , Simária aplicou novamente um trança
pé e derrubou Drausia . Semira subiu no corpo da adversária e começou
a soca-la nos peitos e na barriga , chegando a apertar os peitos dela e a
brincar um pouco . Drausia se esquivava o melhor que podia . O lanista
estava sorrindo , mais uma vez a sua melhor gladiadora estava
derrotando a patrícia . “ Quem sabe com esta vitória Simária
esquecesse de sua alforria e me trouxesse mais dinheiro “ - pensava .
Enquanto isso , Simária vez ou outra aproximava sua boca do ouvido de
Drausia para sussurrar “ cuidado, estou apenas começando . Antes que
mais um soco acertasse a barriga da patrícia , esta consegue segurar a
mão da Núbia se levanta ainda prendendo a mão da outra , passa o pé a
derrubando batendo o corpo no chão da arena , dando tempo para que
sua oponente sequer tentasse se levantar .Mas , Simária , mais
acostumada com este tipo de combate, consegue virar-se , invertendo as
posições . Simária a levanta, abraçando e começando apertar seu tronco.
Drausia ainda tem o braço livre tenta atingir o rosto de sua oponente ,
mas o abraço começa a causar dificuldade em respirar ( viu garota, sou a
melhor , acho bom voce parar ) Simária está começando a levantar a rival
do chão . Drausia está verdadeiramente batida. Sua ideia de desafiar
aquela deusa de ébano agora lhe parece ter sido um erro . Simária
continua a apertar até parecer que irá quebra-la ao meio .O lanista está
eufórico, rindo até sem motivo; bate em Tácio , que mesmo muito mais
forte não revida. Simária solta a adversária, e com os braços levantados
para o ar sente ouvir aplausos . O lanista também faz menção de descer
na arena . Drausia começa a levantar com certa dificuldade, parece medir
a distância entre as duas , e com seus dois pés atinge Semira nas costas ,
acabando por derruba-la no chão , incrédula. Agora é Drausia quem sobe
nas costas da oponente , segura os braços de Simária com as pernas , e

com o braço aperta o pescoço da adversária . Agora é Drausia quem
parece estar mais vigorosa , solta o pescoço e segura com as mãos os
pés e os braços de Simária balançando-a no ar. Joga duas vezes no chão
até que Drausia olha o lanista como aguardasse uma ordem . Este
esconde o rosto .

Drausia finalmente grita
- Venci. Quero esta mulher para a minha guarda,

está livre e este será meu presente de casamento . Faça o preço.

FIM

M GROTIUS 2022.